7.6.06

O que vejo através da janela do meu quarto….

Janelas há muitas, mas a do meu quarto é, ou era especial.
A minha casa localiza-se no campo, portanto o cenário que avistava da janela do meu quarto era composto por campos agrícolas pigmentados de verde e sobrevoados por orquestras de pássaros. Era de facto um cenário idílico, do qual, avistava paz, serenidade e um ciclo regenerativo que podia ser sinónimo de vida. Lembro-me de sonhar à janela do meu quarto, de olhar os campos verdes e de me transportar para um lugar mágico, livre, onde poderia em correria louca encontrar a felicidade junto das pessoas que amava. Lembro-me de ouvir os pássaros a cantar e imaginar que lá fora as palavras das pessoas eram livres assim como os pássaros.

À noite o cenário transformava-se. Perdia-se os campos verdes de vista e as sonoridades diurnas mudavam de tom. Grilos, mochos e o batimento de asas dos morcegos, debaixo de um cenário preto manchado por infinitos pontos brancos, emitiam sons característicos de um lugar assustador, medonho e horrendo, mas que não o era. Recordo as noites em que olhava para as estrelas e sentia que cada vez que as olhava elas cintilavam com mais intensidade. Recordo os grilos, os mochos e os morcegos e as suas sonoridades como companheiros de sonhos e de liberdade.

Hoje não. Acordei um dia e tinha uma cortina na janela do meu quarto, que me impede de sonhar, de ser livre e de procurar a felicidade. Não consigo avistar os campos verdes nem ouvir os pássaros a cantar. Vejo o céu escuro mas não vejo as estrelas. Os grilos, penso que já não saem da toca, os mochos já não trinam e os morcegos já não voam.

Tiago Cação

1 comentário:

Anónimo disse...

o teu blog esta muito fixe,altamente...tens jeito..loool...bjs