17.4.07

Buenos Aires



Chego finalmente a Buenos Aires, todavia, sen maletas.
São seis da manhã e no aeroporto pedem-me setenta pesos, para me conduzirem ao Bairro Belgrano. Pago vinte e divido o táxi com duas argentinas, vindas, uma de Manchester e a outra de Praga. No táxi falámos sobre a economia da Argentina e a cultura Europeia.

Em Belgrano sou recebido com um beijo da Jac, um abraço do Alex, duas torradas e um café. São sete e trinta da manhã, hora de trabalho para eles e, para mim, hora de começar a deambular por Buenos Aires.

Apanho um autocarro, numa cidade com treze milhões de habitantes, na hora de ponta. Demoro quarenta e cinco minutos a chegar à Plaza de Mayo. Tiro umas fotografias à Casa Rosada e a um casal de Bolivianos, que me pergunta porque é que Lisboa é uma cidade tão modesta, depois de tudo o que descobrimos e conquistámos pelo mundo afora. Fico surpreendido e hesito em responder. "Não gostamos de ostentar riqueza", afirmo por fim. No meio de sorrisos, esclareço que o clero e a nobreza portugueses, consequência da sua política de ostentação e luxo, haviam debelado muito do espólio obtido com os descobrimentos.



Buenos Aires está envolto num manto de nevoeiro. Esqueço as fotografias e desligo o Ipod.
Diferentes são os estilos arquitectónicos; Arte Deco, Colonial, Barroco francês, estilos neoclássicos. Consigo imaginar-me em Londres ou em Madrid. A organização das ruas é muito linear, bem ao jeito de Nova Iorque. Os espaços verdes abundam. O parque de Palermo tem vinte e cinco hectares. Consegue competir em beleza com um Central ou Hyde Park.

Depois de uns quilómetros a pé, regresso à Plaza de Mayo. Centro cívico do país e lugar da sua Fundação. Ao seu redor encontram-se a Casa Rosada e a Catedral Metropolitana (onde troquei umas palavras com uns lisboetas, que antes me tinham visto a fazer um auto-retrato, junto ao Grande Obelisco). É na catedral, que se encontram os restos mortais do General José de San Martin. O general está para os Argentinos, assim como o D. Afonso Henriques está para Portugal. Libertou a Argentina do colonialismo espanhol.

É no regresso à Plaza que deixo de acreditar em coincidências… Outra manifestação, numa grande cidade! Não é coincidência, é Atitude. Atitude que nos falta a nós portugueses, pois, não nos manifestamos. Não é preciso ser comunista, centrista ou de direita. O que é preciso é lutar, sair à rua. Viveremos eternamente do fado? Na sombra da PIDE? Continuaremos a ter cidades modestas?

3 comentários:

Joao Gentil disse...

Continuaremos a viver em ciades modestas, continuaremos a ser pessimistas e a falar mal do nosso país cá dentro; porque só quando vamos para fora nos apercebemos do quão outros povos conhecem de nós e do quão nos respeitam. Ainda ha bem pouco tempo conheci uma japonesa que conhecia quase tanto da nossa Historia como eu...Estás no destino que mais gostaria de conhecer neste momento...BS deve ser uma cidade muito pouco modesta, mas bem cosmopolita!! Ja ouviste algum Tango?! Grande abraço!

Tiago Cação disse...

Joao Ainda nao fui ao Tango, quero escolher a casa certa, sabes como sou. Nao entro logo na primeira.
Mas um coisa te posso dizer o Vinho è muito bom.

Abraço

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o João!!Meu irmão Tiago, nós não valorizamos o que por cá temos, precisamos que sejam os estrangeiros a dar valor às nossas preciosidades!!E essa mentalidade, não és tu, nem eu, nem ninguém sozinho a mudará!!Podemos lutar contra isso, mas todos penso que seremos sempre poucos!!Aproveita ao máximo, e eu sei que o farás, o tempo que vais passar nesse paraíso!!Concerteza trarás momentos marcantes para nos relatar!!Sabes bem o quanto aprecio a tua fotografia, mas contrariando o ditado "Há palavras que valem por mil imagens"!!
P.S. Pena não poder acompanhar-te na viagem!!