16.9.07

Exercício Egocêntrico

À Lurdes Breda e ao João Abreu, o meu Obrigado por tais Palavras.

"Existem dias em que os seus olhos parecem encerrar a imensidão dos oceanos, outros há, em que neles se abriga o azul de um céu sem nuvens. As noites mornas, coalhadas de estrelas, são o tecto, debaixo o qual planta os seus sonhos.
Em qualquer dos casos, é sobre o infinito, que gosta de construir as frágeis palavras, que cercam a sua sensibilidade…

É incessante a busca que faz na ânsia de encontrar o momento perfeito. Deseja calcar o mesmo chão que os heróis trilharam e aí descobrir, não só o sangue, o suor e as lágrimas, mas também o riso e a paz, que embala o berço das gerações.
Quer ser capaz de, numa centésima de segundo, captar a efemeridade de uma flor ou as rugas de uma face envelhecida. Assim, terá a certeza de que as suas mãos possuirão o sublime poder de eternizar — de perpetuar no tempo e no espaço, a existência do Homem e o devir da Natureza.

A Terra é a mãe, com quem, cada dia que passa, estreita o cordão umbilical.
Os verdes que pintam as colinas são os mesmos que o alimentam de esperança; o dourado dos vastos dos areais e dos girassóis a rodopiar no vento, é o memo que lhe amorena a pele; o vermelho das papoilas a voejar pelos trigais, é o mesmo que lhe incendeia o coração e o faz apaixonar-se pela vida e pelas pessoas que o rodeiam.

Sem sabermos porquê, há caminhos que se cruzam. Algures, no livro do destino, uma mão omnipotente traçou as letras do nosso encontro. Que a amizade perdure…
Lurdes Breda


"Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura", Fernando (o Pessoa!)

Na sua exígua estatura e de coração colossal na amizade, estima e dedicação que oferece aos amigos, calcorreando as sete partidas do mundo vagueia um homem.
Procura conhecer mais e conhecer-se a si mesmo.

Há idades na vida de um homem que nos fazem recuar ao tempo da idade dos porquês. Que faço? Que quero fazer? Qual o meu caminho?

No deambular à procura do eterno esquecemos amiúde o que fazemos, hoje. Tiago, houve um, que foi dos mais próximos do redentor e calcorreou muito para espalhar a fé que não era mais do que a sua missão, tenta pelo mundo fora escolher os melhores momentos para guardar com a sua máquina fotográfica.

Na vida já fez muita coisa, (até tirou uma especialização em turismo! Quem diria?) palmilhou Nova Iorque, desceu até à terra do Tango embrenhou-se por montes e vales, para tantos um mundo desconhecido ou simplesmente sonhos e ilusões de um sono de verão.

Na bagagem leva família e amigos pois sabe que no regresso a vontade de os abraçar é tremenda.

No início, presumo, a curiosidade imatura da descoberta da imagem em fotografia, há-os que intentam reproduzir a realidade em tela a óleo ou mesmo aguarela, mas Tiago tem do mundo a realidade, depois de depurar erros e afinar pontaria com a objectiva a revelação final de um mundo que é o nosso de cores e reflexos construído.

A primeira exposição em Montemor-o-Velho elevou as expectativas para o que hoje é, e não há dúvidas, para o que há-de ser.
Dúvidas abrem feridas no coração, embora leves arranhões, trazem-nos receios, medos e incertezas. Na sua forma despretensiosa de ser, questiona-se com frequência pelo seu trabalho, aligeira caminhos diferentes, irradia novos trajectos…muito próprio em quem a juventude massa e a ânsia tumultuosa parece criar fornicoques que nos levam a coçar para aliviar. Tiago não pára na mocidade dos seus anos e roda, rodopia e corre em busca da vida.

Em pernas de gigante, não se sabe bem onde as arranjou, caminha mundo fora, encontra novos mundos, dá novas imagens aos sonhos dos que o apreciam e sempre, sempre mesmo na sua Peregrinação.
Talvez um dia pare! Talvez um dia, de sol porque não e abrace toda a obra que foi criando nos anos, como a um filho se abraça e, descubra de facto, o que foi e é.

Do tamanho daquilo que viu!

João Abreu

2 comentários:

JAbreu disse...

"...o vermelho das papoilas a voejar pelos trigais, é o mesmo que lhe incendeia o coração e o faz apaixonar-se pela vida e pelas pessoas que o rodeiam..." L.Breda
Com amigos destes a dedilhar a pena desta maneira? Meu caro, ficaria de dedo hirto sem conseguir escrever nada.
E não eleves a grande obra o que fiz, naturalmente, por um Grande, Grande...
Aquele abraço amigo
João

Anónimo disse...

Palavras para quê? Está td dito...
A humildade do teu talento e a tua grande humanidade é o que te torna diferente e especial neste mundo mesquinho.... Mas ainda bem que existem pessoas como tu...grandes no espírito e na alma...

Um beijo enorme de muito orgulho e admiração.

Adoro-te :)

Liliana